ATA DA VIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 07.11.1995.
Aos sete dias
do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, no
Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita à
Professora Maria Celeste Spolaor Etges e a homenagear os quarenta anos da
Escola Municipal de 1º Grau José Loureiro da Silva, de acordo com o
Requerimento nº 17/95 (Processo nº 1337/95), de autoria do Vereador Luiz
Negrinho e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato,
Presidente desta Casa, Professora Maria Beatriz Gomes de Silva, Secretária de
Educação Substituta, representando o Governo do Estado, Professora Maria
Celeste Spolaor Etges, Homenageada, e esposo, Senhor Cláudio Alberto Etges,
Professora Ana Lúcia Pandolfo Carone, Diretora da Escola Municipal José
Loureiro da Silva, Senhor José Clóvis Azevedo, Secretário em exercício da
Secretaria Municipal de Educação, Coronel Irani Siqueira, representando o
Comando Militar do Sul, Jornalista Firmino Cardoso, representando a Associação
Riograndense de Imprensa - ARI. E como extensão da Mesa, o Senhor Presidente
registrou as presenças das filhas da Homenageada, Senhoritas Sofia e Verônica,
e de seus pais, Senhor Jocelin Alberton Spolaor e Senhora Terezinha Spolaor.
Após, o Senhor Presidente, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em
nome da Casa. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, desejou que a
Homenageada continue trabalhadora, competente, e eficaz naquilo que vem
produzindo em benefício das artes e da educação portoalegrense, destacando a
importância que teve para esta Cidade o Prefeito José Loureiro da Silva. O
Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, discorreu sobre o trabalho
singular desenvolvido pela Homenageada na Escola José Loureiro da Silva,
demonstrando, de forma muito expressiva, que é possível a criatividade, mesmo
em condições muitas vezes adversas, pois desenvolve um excelente trabalho. O
Vereador Luiz Negrinho, em nome das Bancadas do PP, PDT, PT, PMDB, PPS e PSDB,
relembrou os tempos de estudante da Escola José Loureiro da Silva, sentindo-se
realizado em poder homenagear a Professora Maria Celeste Spolaor Etges, sendo
ela mentora do Projeto "Dança Criança", de grande importância para a
nossa comunidade. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Luiz
Negrinho para que entregasse o Diploma alusivo ao Título ora outorgado à
Professora Maria Celeste Spolaor Etges, sendo que, logo após, o Senhor
Presidente concedeu a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu a presente
homenagem, salientando as diversas etapas do trabalho que realiza para que as
crianças aprendam a arte de dançar. Em continuação, o Senhor Presidente
concedeu a palavra à Professora Ana Lúcia Pandolfo Carone, que fez um breve
histórico da Escola Municipal de 1º Grau José Loureiro da Silva, agradecendo a
homenagem prestada pela passagem dos quarenta anos de existência dessa
Instituição. Às dezoito horas e dezenove minutos, nada mais havendo a tratar, o
Senhor Presidente comunicou que estará na cidade de Recife - Pernambuco, de
oito à dez deste mês, como palestrante no Seminário Nacional para Participação
Popular nas Administrações Municipais e que no dia quatorze do corrente mês
será implantado nesta Casa o Conselho de Cidadãos Eméritos de Porto Alegre,
agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz,
1º Secretário. Do que eu, Clóvis Ilgenfritz, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
Senhoras e Senhores, damos início a esta Sessão Solene.
Convidamos para compor a Mesa: a Profa. Maria Beatriz Gomes da Silva,
Secretária de Educação Substituta, neste ato representando o Governador do
Estado; a Profa. Maria Celeste Spolaor Etges, nossa homenageada desta tarde;
Sr. Cláudio Alberto Etges, esposo da nossa homenageada; a Profa. Ana Lúcia
Pandolfo Carone, Diretora da Escola Municipal José Loureiro da Silva; Sr. José
Clóvis Azevedo, Secretário da Secretaria Municipal de Educação, em exercício; o
Cel. Irani Siqueira, que representa o Comando Militar do Sul; o Jornalista
Firmino Cardoso, representando a ARI.
A Sessão da tarde de hoje destina-se à entrega do Título Honorífico de
Cidadã Emérita à Sra. Maria Celeste Spolaor Etges e também destina-se a
homenagear os 40 anos da Escola Municipal de 1º Grau José Loureiro da Silva.
Foi uma proposição encaminhada pelo Ver. Luiz Negrinho e que teve a aprovação
de todos os Vereadores e Vereadoras da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Nesta tarde quente de primavera, estamos aqui reunidos em um clima de
alegria e confraternização para assinalar o 40º aniversário da Escola José
Loureiro da Silva e para conceder o Título de Cidadã Emérita à Sra. Maria
Celeste Spolaor Etges, graduada em Educação Física pelo Instituto Porto Alegre,
com pós-graduação na área de psicomotricidade pela UFRGS. Nossa homenageada
também é formada em balé clássico e dança, integrando atualmente o Grupo Teatro
de Dança, e foi nessa área que a professora se destacou, realizando um trabalho
singular junto aos alunos da escola e de outras escolas situadas na Vila
Cruzeiro do Sul - o Projeto "Dança Criança", implantado em 1984,
levando aos palcos da Cidade grupos cada vez maiores de participantes. Em 1990,
foram 53 alunos; em 91, 74; em 92, 106; em 93, 130; e em 94, 180 alunos. Hoje,
a oficina de balé conta com duzentos alunos integrantes. O objetivo maior do
projeto, que vem sendo alcançado com muito êxito, é modificar as pessoas
através da arte, possibilitando-lhes uma nova perspectiva de vida. O trabalho
da Profa. Maria Celeste foi reconhecido e, em 1993, ela inaugurou uma sala de
dança na escola, mas, se ela conseguiu esse feito, devemos também assinalar a
mobilização das mães desses alunos, que têm contribuído decisivamente para o
sucesso da iniciativa. Esse ano a meta é a criação da Associação de Mães do
Balé e o registro da sala de dança junto à Prefeitura Municipal. Com sua
dedicação e criatividade, a Profa. Maria Celeste prova que a arte e a
sensibilidade estão acima do meio social.
Nós queremos, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, em nome dos
Vereadores que falarão pela Câmara Municipal, registrar a importância de
termos, neste ato, uma homenagem à professora e uma homenagem aos 40 anos da
Escola Municipal de 1º Grau Loureiro da Silva pelos trabalhos que vêm
realizando em prol da nossa comunidade porto-alegrense e, em especial, da nossa
gurizada dessa nossa Cidade de Porto Alegre.
Com a palavra, o Ver. João Dib, que fala pela Bancada do PPR.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Em primeiro lugar, quero dizer que
o Ver. Luiz Negrinho foi muito feliz nesta sua iniciativa de homenagear esta
professora deste colégio que diz tanto ao meu coração porque leva o nome de uma
pessoa que em política eu respeitei e respeito: José Loureiro da Silva.
Gostaria de dizer que o tempo não tem muita importância para a vida de
algumas pessoas. A nossa jovem homenageada de hoje, em pouco tempo de vida,
realizou tanto, que recebeu o direito de homenagem unânime da Câmara Municipal
considerando-a Cidadã Emérita. É claro, minha cara Profa. Maria Celeste, que
ninguém ganha as coisas sozinho. Em geral, nós, aqui, homenageamos os homens.
Hoje, pela segunda vez, estamos homenageando uma mulher, mas para os homens eu
digo que eles não fazem nada sozinhos. Isso vale também para as mulheres. Não
fosse o esposo, não fossem as filhas, a senhora talvez não tivesse realizado,
em tão pouco tempo, mudanças como tem feito. É claro que os amigos ajudam a
fazer as coisas, porque, nos momentos mais difíceis das nossas vidas, é
importante que alguém se dirija a nós com uma palavra de apoio, nos dando uma
palavra de estímulo, uma palavra de compreensão, e esposo, filhos, amigos, por
certo, muitas vezes, lhe deram essa palavra de estímulo, dizendo: "Não
pare; continue."
Esta homenagem que a Câmara Municipal de Porto Alegre presta,
reconhecendo o seu mérito, o seu valor, também vai lhe dizer que a Cidade de
Porto Alegre espera que muito mais seja realizado nesta Cidade pela nossa
professora homenageada, pela professora do colégio que leva o nome do maior
Prefeito que esta Cidade teve: José Loureiro da Silva. Só nos resta, Profa.
Maria Celeste, dizer que queremos que a senhora continue muito trabalhadora,
muito competente, muito eficaz e produzindo mais, mais e mais, e que continue
recebendo apoio do esposo, das filhas e dos amigos, porque, por certo, o
estímulo da Câmara Municipal a senhora terá sempre. Muita saúde, muita paz.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Como extensão da Mesa,
citamos a presença das filhas da nossa homenageada, a Sofia e a Verônica, dos
pais, Sr. Jocelin Alberton Spolaor e Sra. Terezinha Spolaor. Satisfação.
Com a palavra, o Ver. Reginaldo Pujol pela Bancada do PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, autoridades presentes, Senhoras e Senhores presentes a esta Sessão.
O Ver. João Antônio Dib iniciou o seu pronunciamento cumprimentando o Ver. Luiz
Negrinho pela sua iniciativa de nos reunirmos nesta tarde - acalorada, é bem
verdade - para saudarmos, num só momento, a afirmação profissional de uma jovem
professora da rede pública municipal e, de outro lado, uma escola que vem, ao
longo do tempo, sendo um dos exemplos mais qualificados de eficácia e de
excelência do ensino público na Cidade de Porto Alegre.
De fato, Ver. Luiz Negrinho, a sua iniciativa nos permite, desde logo,
poder afirmar, e fazê-lo com veemência, que nossa ilustre homenageada é, por
assim dizer, exemplo e qualidade da mulher porto-alegrense, já que ela,
diferentemente de muitos outros que têm sido homenageados aqui nesta Casa, que
representam uma cidade cosmopolita, que recebe imigrante de todo o Rio Grande
do Sul, é uma filha de Porto Alegre, onde nasceu, se criou, estudou, se
qualificou, ingressou no magistério. E lá, na Escola Loureiro da Silva, na sua
Cruzeiro do Sul tão querida, Ver. Luiz Negrinho, desenvolveu um trabalho
singular que demonstra, de forma muito expressiva, que é possível a
criatividade, que é possível, mesmo em condições muitas vezes adversas,
desenvolver um trabalho. E é um significado de profunda responsabilidade e
sobretudo extremamente gratificante.
Eu tenho certeza, a mais absoluta certeza, de que a Maria Celeste,
desde o ano de 82, quando ingressou na rede de ensino público de Porto Alegre,
já lá na Escola Loureiro da Silva, não teve muitas dificuldades para já em 1984
iniciar na comunidade da Vila Cruzeiro do Sul o Projeto "Dança
Criança", que foi a base na qual se desenvolveram todas as ricas vivências
que ela tem propiciado aos pequeninos que são educados ali, na tradicional
Escola Loureiro da Silva, que é o orgulho da municipalidade de Porto Alegre.
Então, vejam todos que, por mais que surjam obstáculos, por mais que as
dificuldades se agigantem, essa sempre é a melhor maneira de ser superada se
tiverem a implantá-la uma disposição de realizar um objetivo bem definido. Eu
já dizia há pouco, discutindo sobre outro tema e fazendo a invocação aos alunos
do Prof. Armando Campos, que o mesmo com muita propriedade definia o valor como
sendo aquela conformidade do dinamismo do ser. Hoje, no exemplo da nossa
homenageada, nós temos comprovado este fato. Eu até me permitiria aduzir ao
saudoso mestre um valor que é tanto mais dinamizado quanto ele se realiza em
tarefas em que a gente emprega o amor, o entusiasmo, o desejo de contribuir,
como é o trabalho que Maria Celeste tem realizado lá no Colégio Cruzeiro do
Sul.
Então, nesta tarde - em que inclusive alguns objetos de uso pessoal
estão sendo usados como leque, já que nesta nossa sala principal de reuniões o
progresso ainda não conseguiu complementá-la dando condições plenas para a
realização de uma reunião grandiosa como a de hoje, um dia acalorado como o que
estamos vivendo -, eu quero somar a minha voz, somar a posição do meu partido,
do Partido da Frente Liberal, à homenagem correta, positiva e adequada do Ver.
Luiz Negrinho, que em momento de inspiração propiciou à Casa a outorga da
cidadania à Maria Celeste, o que, evidentemente, teve a mais ampla confirmação
de todos os integrantes da Casa, pois unanimemente acompanharam a iniciativa do
Ver. Luiz Negrinho, votando favoravelmente à concessão da honraria. No caso
concreto, passa para a Cidade de Porto Alegre, para a nossa comunidade, não só
uma honra que a Câmara possa conceder a uma jovem professora que, pelo seu
trabalho, se fez credora dessa homenagem, mas passa, sobretudo, um exemplo.
Nós, que integramos este organismo municipal, temos o dever de transferir essa
iniciativa para a comunidade como um todo. Nós, os representantes do povo,
aqueles que nesta Casa afirmam e reafirmam a soberania popular, também temos o
dever de estar atentos a todos os pontos da Cidade para termos essa
sensibilidade que o Ver. Luiz Negrinho teve, como a de levantar a nossa querida
Escola Municipal Loureiro da Silva a exemplo para a Cidade pelo bom trabalho,
um trabalho feito com carinho, com amor, feito com dedicação.
Nesta hora digo: meus cumprimentos, professora, e, sobretudo, os nossos
agradecimentos por nos ter permitido, com o seu trabalho, o exemplo e
aguçamento da nossa sensibilidade ao podermos buscá-la como um exemplo a
oferecer à Cidade e o quanto valioso é o trabalho realizado com dedicação, com
afinco e carinho. Continue lá, no Loureiro da Silva, que completa quarenta
anos. Ver. João Dib, V. Exa. até tinha dúvida se o nosso Loureiro da Silva já
tinha quarenta anos. São quarenta anos de fecunda história feita numa área em
que a população cliente da escola não é a mais aquinhoada, o que não impediu
que ali prosperassem os exemplos maravilhosos como o da Maria Celeste, com a
qualidade de ter a dedicação dos professores do Município de Porto Alegre.
Meus cumprimentos à Maria Celeste e ao Loureiro da Silva, ambos
merecedores do aplauso, das honrarias e, sobretudo, das homenagens da Casa do
Povo de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Negrinho está
com a palavra para falar como proponente desta Sessão. Também falará pelas
Bancadas do PP, PDT, PMDB, PPS e PSDB.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Para mim, que fui um dos
primeiros alunos da Escola Municipal Loureiro da Silva, criado naquela
comunidade, eu fico até emocionado, de uma certa maneira, porque é a primeira
vez que concedo um título de Cidadão Emérito nestes anos de mandato.
Concedo este título pelo reconhecimento do que houve nos anos de 1989,
90, 91, 92, quando, na Escola José Loureiro da Silva, a minha primeira e
praticamente a última escola do primário, em toda a minha vida convivi com
professoras que hoje estão presentes aqui, quando nós estudávamos na antiga
escola do valão da Sanga da Morte, hoje sendo canalizado, e depois na nova
escola. Ali, sim, que a Loureiro da Silva deu um grande passo na busca da
educação daquelas crianças da região que, como disse o Ver. Reginaldo Pujol,
são uma camada da população que não tem condições de buscar uma escola de
ensino particular. Lá, o Loureiro sempre esteve presente.
Foi uma satisfação muito grande quando tive uma discussão com a minha
filha, a Cristina, que queria ingressar no balé da escola. O balé, de uma certa
maneira, deu-me o controle sobre a minha filha, pois, já que ela quis entrar no
balé, eu condicionava algumas coisas para que ela continuasse no balé.
Acompanhei algumas apresentações desse balé, que até então era apenas um balé.
Nas oportunidades em que estive,
comecei a entender o significado do balé na vida da Cristina. Por isso,
procurei conhecer a mentora daquela fantástica mobilização de crianças que não
tinham conhecimento de nada: de como se faria uma peça, um ensaio, nada.
Fui convidado para que, sendo pai de uma menina que estava no balé,
procurasse participar das apresentações e dos espetáculos. Fui em vários
locais. Inclusive, houve uma peça desse grupo, na Redenção, e nos cartazes
oficiais vi a minha filha, mesmo de costas, constando nos cartazes. Então, eu
tenho uma felicidade muito grande e, ao mesmo tempo, uma tristeza muito grande,
porque ela foi obrigada a deixar a Escola Municipal José Loureiro da Silva
porque não havia mais condições de continuar lá, porque, terminando a 8a.
série, teria que ir para uma escola de II grau. Ontem à noite, na madrugada,
remexendo algumas fotos que eu havia prometido trazer, peguei um material, que
acabei esquecendo, e vi. Fiquei mais nervoso do que estou agora, porque jamais
imaginaria, com toda a sinceridade, que eu, aluno da escola, pudesse um dia
estar aqui, fazendo esta homenagem e, mais, concedendo um título de Cidadã
Emérita de Porto Alegre a uma professora da Escola Municipal José Loureiro da
Silva.
Considero-me uma pessoa realizada, primeiro por algumas conquistas que
nós, em conjunto com a Associação de Moradores - inclusive o Presidente está
aqui também -, através do Orçamento Participativo, conseguimos iniciar, como o
processo de evolução do bairro. Realmente, o bairro evoluiu muito, e a nossa
escola também.
Profa. Etges, quero dizer-lhe, do fundo do coração, que tenho assistido
a várias entregas de títulos nesta Casa, não que eles não tenham sido
merecedores, não por ser este o primeiro título que concedo a uma pessoa, mas,
sem dúvida alguma, a senhora, sendo Cidadã Emérita de Porto Alegre, esta Cidade
já ganhou com isso, porque conheci a luta, a gana e o movimento desenvolvido
para que fosse constituída aquela sala que hoje a escola possui, onde são
feitos os trabalhos de dança e teatro. E aquilo ali ninguém pode dizer que foi
um movimento político de doação, de troca. Foi um movimento em função de um
trabalho que a senhora desenvolveu e bem conhecido, na época, pela Secretária
Esther Grossi, que lamentavelmente não pôde estar presente, que ajudou o
Loureiro a ter aquele espaço que vai ficar eternamente, quem sabe, para os
nossos netos. Mas foi uma conquista que a senhora levou adiante. A partir deste
movimento, vimos na senhora que os obstáculos não eram empecilhos para
continuar a caminhada.
Talvez eu não esteja fazendo um discurso mais empolgante porque estou,
realmente, muito emocionado por ver professoras do meu primário virem a esta
homenagem. Eu vejo a Prof. Darcila, que foi diretora da nossa escola também.
Para encerrar, eu quero dizer que eu me sinto realizado por ter saído,
continuado e praticamente sido criado na Vila Grande Cruzeiro. Deixo uma
mensagem para que estes jovens que estão nas salas de aulas por onde eu passei
estudem, estudem e estudem, porque, um dia, pode ser um de vocês que vai estar
aqui presente, nesta tribuna, homenageando a escola de vocês. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos também a
presença do Ver. Clóvis Ilgenfritz, presente no Plenário.
Convidamos o Ver. Luiz Negrinho para proceder à entrega do Diploma à
Profa. Maria Celeste Spolaor Etges. Solicito a todos que se posicionem de pé.
(É feita a
entrega do Diploma.)
Com a palavra, a Sra. Maria
Celeste Spolaor Etges, a Cidadã Emérita da nossa Capital, Porto Alegre.
A SRA. MARIA CELESTE SPOLAOR ETGES: Exmo. Sr. Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Airto Ferronato e demais autoridades.
(Lê.)
"Buscando contextualizar as raízes do 'projeto balé nas classes
populares', tenho de fazer referência ao despertar deste trabalho e ao todo que
ele envolve. Minha paixão e comprometimento com a dança, em especial o balé
clássico, vêm selados à opção dentro da qualificação profissional.
Busquei formação com nosso querido Prof. João Luiz Rolla, na área da
dança, e formação universitária na ESEF-IPA. Esta formação associada ao anseio
de proporcionar espaços de crescimento às classes populares fez com que no trabalho
prático na rede municipal de ensino, nas atividades por mim desenvolvidas na
disciplina de Educação Física, sempre fosse foco de preocupação a inserção
destes elementos.
A princípio a atividade era enxertada no desenrolar das aulas
estipuladas no currículo básico, mas, com o crescente interesse e expectativa
dos alunos, este trabalho teve de ser ampliado a grupos paralelos ligados
especialmente à dança.
Neste momento devo fazer referência à escola e ao local onde fui lotada
para ingressas na Prefeitura. Gostaria de homenagear uma das direções como
representante de todas as outras, que acreditaram na dança como educação, que
cederam seu tempo e espaço. A direção que recebe meu agradecimento e representa
todas as que se seguiram é aquela que abriu o portão de seu pátio. Acreditou
tanto e vibrou a cada passo que, entre saltos e piruetas, certo dia acabou de
olho roxo. Professora Virgínea. Logo a seguir, a tão temerosa Vila Cruzeiro,
que a meu modo diria "tão formosa Vila Cruzeiro", onde cada semente
lançada era como praga: pegava sem nem precisar regar. Foi neste momento que
percebi a importância de trabalhar com determinação nesta comunidade.
O Projeto 'Dança Criança' efetivou sua primeira etapa das atividades,
desenvolvidas de 1984 a 1989, visando, prioritariamente, a aproximação entre a
arte de dançar e as classes populares, onde as atividades se centralizavam em
apresentar técnicas e estilos de trabalhos realizados por grupos e escolas de
Porto Alegre.
Nesta época encontrei uma colega que, com sua voz e atividade, cantou e
encantou nossas crianças e, por um período, o projeto era chamado de 'Canta e
Dança Criança'. Prof. Dida, então, representa nossas colegas.
Fora do horário escolar implantaram-se gradativamente atividades
voltadas para a arte de dançar e buscou-se a apresentação de danças através de
grupos e escolas na comunidade e pátio da escola. Era necessário, por fim,
relacionar formas de avaliar o trabalho em movimento. Para tanto, foi utilizado
como parâmetro o interesse em participar das atividades, dos trabalhos
propostos, freqüência e aproveitamento das aulas aliados à participação e
interesse da comunidade em apreciar os trabalhos - logo, desmistificar e
propiciar a aproximação deste conhecer.
É neste momento que me refiro à formosa Vila Cruzeiro, uma comunidade
carente na sua condição social, mas talentosa, trabalhadora, onde observa e
avalia o que a ela é oferecido e acredita na sua condição de ser especial. Nela
encontrei gente despojada de receio, encontrei parcerias, encontrei grupos de mães
dedicadas e maravilhosas. Então, a cada dia, tinha mais certeza que o caminho
estava certo. Como representantes de todas elas, cito: Jupira, Mirna, Helena,
Iara, Maria Clara, Silvia, Graça e a talentosa costureira Cilene.
Gostaria de ler o depoimento de uma mãe:
'Eu sempre sonhei. Como sonhei! Aí cresci e até casei e o meu sonho de
ser bailarina ficou para trás. Depois veio a minha primeira filha; fiquei feliz
e pensei: quem sabe se ela vai realizar este sonho? Mas o tempo passou e vieram
outros filhos e o sonho cada vez mais distante. Mas, quando eu já não esperava
mais, nasceu a minha bailarina e um dia eu fui buscá-la no Loureiro e ela
disse: 'Mãe, eu quero fazer balé!' Hoje, através da minha filha, sou a
bailarina que sempre almejei ser. Hoje, quando elas entram em cena, é como se
eu estivesse lá em cima do palco, é como se lá fosse o meu lugar. É neste
momento que agradeço a essa professora, mãe e amiga, e dedico meus aplausos a
ela e a esta escola. Já estamos há alguns anos juntas; já reclamamos do corpo
dolorido, já choramos, sorrimos, subimos em muitos palcos e até saímos em
jornais. Nada disto teria acontecido sem este projeto; sem coragem,
persistência, nós não teríamos encantado tantas administrações e direções.'
A batalha é dura e, sem dinheiro, estamos à mercê das doações e
adaptações, mas a maior delas nós temos e ninguém tira: é a nossa cooperação,
amizade e competência desta equipe de mães. O projeto iniciou com 27 alunos e
terminou sua primeira etapa com 75 alunos em 1989. Configurou-se, a partir de
então, a segunda etapa do projeto, no período de 1990 a 1994, atingindo 150
alunos. Ampliar e vivenciar a dança na comunidade, abrindo espaços para o
desenvolvimento e aprimoramento da arte. Neste ampliar, somou-se um grupo de
professores que, com suas individualidades, maquiavam, costuravam, penteavam.
Talentos foram descobertos entre os professores, funcionários, iluminadores e
cenógrafos. Uma equipe técnica invejável pela criatividade e competência em
tirar do quase nada o tudo.
Agradeço através da Profa. Rose e do funcionário Givanildo toda esta
dedicação.
Nesse período, criou-se o 'Adote uma bailarina', campanha essa sempre
encabeçada pelos professores, que até hoje arrecadam fundos para completar o
pagamento das despesas e de cada espetáculo e de parte dos trajes e uniformes.
Em uma época em que ser professor é, antes de tudo, um desafio, nesta
escola se encontram pessoas que, em suas individualidades, aplicam seus
projetos e, com afinco, ultrapassam barreiras e atingem o desejado. Nesta escola
encontram-se pedras preciosas de energia e competência. Neste momento encontrei
duas parcerias, colegas da área de educação física que se engajaram de corpo e
alma como equipe de apoio e efetivando, de forma interligada, ações e
planejamentos e execuções, desenvolvendo, paralelamente, suas aulas e projetos
individuais, como aeróbica, desde 1990, e ginástica estética, quando possível.
São meus braços e pernas, em determinados momentos, nossas colegas Cleonice
Pinto e Kátia Souza e que se juntam a outro como SSE-SOE e Direção. Esta etapa
demonstrou o sucesso do projeto, fruto do trabalho em parceria e
comprometimento quando, então, foi conquistada a sala do balé. A sensibilidade
da então Secretária de Educação Esther Grossi influenciou e chamou a atenção
dos demais setores administrativos para o valor deste trabalho e da necessidade
de investir nele. O projeto, até então, era realizado em salas alternativas da
escola, biblioteca e até no pátio. Neste momento foi imprescindível o apoio,
cooperação de funcionários, professores e comunidade, que priorizou, no
Orçamento Participativo, a construção no Loureiro deste espaço para dar
continuidade a este projeto. Em julho de 1993 passamos a ter a nossa sala.
A partir de então, recebemos, sempre que possível, apoio das demais
Secretarias, destacando em especial o projeto da SMED ‘A escola faz arte’, que
oportuniza várias manifestações artísticas, e a Secretaria da Cultura, que cede
anualmente o Teatro Renascença para a realização de nossos espetáculos de final
do ano.
Neste momento, a força política de diversos partidos, comunidade, tem
grande influência, pois recebemos apoio e reconhecimento de cidadãos como nosso
amigo, então Vereador, Luiz Negrinho, da atual Secretária de Educação Sônia
Pilla Vares, Fátima, José Clóvis Azevedo, nossa admiradora, então Deputada
Federal, Esther Grossi, nossa representante do CPM Dona Vera, nossa
representante do Conselho Escolar, Profa. Salete, amiga Lourdes Eloy, da
Secretaria de Cultura, Dep. Valdir Fraga, Ver. Antonio Hohlfeldt, Zanella,
Pedro Ruas e o Jornalista Carlos Urbim.
Atualmente nos encontramos na terceira etapa, que visa fundamentalmente
à implantação da metodologia do balé clássico, e contamos com 190 crianças.
Reportamo-nos ao Estatuto da Criança, art. 58 e 59, e dele retiramos
referências como: '...respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e
históricos...'; '...garantindo acesso às fontes culturais...' e '...estimularão
e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações
culturais...' Fazemos reflexões do tipo: 'Balé clássico = arte de elite', mas
talento não tem classe social, ou 'balé clássico não faz parte da cultura
popular, mas a dança sim'. Mas isso são mitos que não condizem com a realidade,
pois existem países em que a classe popular já se apropriou do balé. Então,
está na hora de fazer minha parte. Nosso Município não possui uma escola
oficial; nossos bailarinos lutam pela sobrevivência da dança. Sonhar é um
direito de qualquer um.
Tenho um grupo de talentosas crianças, maravilhosas mães. Estou junto a
funcionários competentes, incríveis professoras, cercada de ilustres
admiradores, amigas fantásticas e, para terminar com tudo isso, uma família
alucinadamente invejável: meu pai, minha mãe, meu marido, minhas filhas, meus
irmãos, cunhados e cunhadas, concunhados e concunhadas e sobrinhos. Só posso
seguir fazendo a minha parte, e todos estão convidados a me acompanhar e
investir na próxima etapa. Já possuímos uma escola de dança. Vamos investir
nestes sonhos. Vamos cada vez mais estruturá-la, pois talentos temos de sobra.
Agradeço e partilho com vocês este tão honrado título. Recebam uma
pequena parte do bolo da amizade, ensinado, é claro, pela minha querida sogra,
encerrando, assim, os meus agradecimentos."
Convido cada um dos representantes de cada segmento da escola para
receberem um buquê de flores dos alunos do balé. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
(É feita a
entrega dos ramalhetes de flores.)
O SR. PRESIDENTE: A Sra. Ana Lúcia Carone
está com a palavra.
A SRA. ANA LÚCIA PANDOLFO
CARONE: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
A história da nossa escola começou em 1955 quando alguns moradores do Bairro
Cristal foram até o Prefeito - na época, Ildo Meneghetti - solicitar uma escola
para seus filhos, e o Prefeito concedeu. Fundou-se, então, a Escola Municipal
Cinco de Novembro, na Av. Comandaí, começando apenas com quatro turmas de
alunos e tendo como Diretora a Profa. Gilda Cestari. Aí começou a trajetória do
Loureiro. Claro que, tendo em vista toda a procura, a escola começou a crescer.
Houve, logicamente, um pedido de mudança de prédio. Em 1961, a Escola Cinco de
Novembro passou para a Av. Divisa. Aí temos o famoso "Loureirinho",
como todos chamamos, ou "Loureiro Velho". Começamos no "Loureiro
Velho", também, a trajetória da escola de balé. Começamos essa arte no
"Loureiro Velho". Só que o nosso "Loureirinho", apesar de
já ter uma escola com um grande número de alunos, e, portanto, três turnos de
trabalho - manhã, tarde e vespertino -, também começou a crescer e já não
comportava mais a demanda, que era grande demais. Em 1964, a Escola Municipal
Cinco de Novembro pleiteou uma troca de prédio. A primeira coisa que conseguiu
foi a troca de nome. Passou a se chamar Escola Municipal José Loureiro da Silva, como homenagem ao Prefeito José
Loureiro da Silva. Como ainda não tinha conseguido a troca de prédio, continuou
na Av. Divisa. Conseguimos uma escola nova, de alvenaria, bem estruturada, que
é a nossa sede até hoje.
Em 1988, passamos a integrar a comunidade Loureiro da Silva, na Av.
Capivari. Esta escola começou com quatro turmas; hoje tem 1220 alunos,
atendendo a comunidade da Vila Cruzeiro e do Bairro Cristal. Temos uma
trajetória de pais participantes. Os pais iniciaram com um pedido de criação da
escola. Já, a partir dali, sendo uma escola nova como o Loureiro era, houve um
crescimento vertiginoso. Hoje, nós temos na escola um grupo de balé, que se
formou lentamente, e ganhamos, em 1993, o prédio da escola de balé e dança.
Também temos um grupo de CTG, de aeróbica e temos um grupo de flauta. A criança
vai para a escola e, nos parece, tem o maior prazer em estar no Loureiro.
Parece que existe no Loureiro o encantamento, assim como falou muito bem o
nosso ilustre Ver. Luiz Negrinho, nosso ex-aluno. O Loureiro contagia. O nosso
Vereador é um exemplo disso, porque mantém a paixão pelo Loureiro trazendo os
seus filhos. A Cristina já concluiu o I grau. Foi nossa aluna brilhante também.
Agora, nós temos o Júnior, e queira Deus que ele venha a recordar o Loureiro
com grande carinho e grande amor, como o seu pai recorda.
O Loureiro, apesar de ter na sua estrutura algumas coisas, de muito
ainda precisa. Temos uma estrutura que comporta, tranqüilamente, três turnos.
Temos alunos que atuam do jardim à 8a. série; temos um serviço de educação de
jovens e adultos, que atinge a alfabetização de adultos. Então, é uma escola
que, cada vez mais, cresce, o que nos dá um orgulho muito grande. Sabemos que
todos os pais que contribuem para esse crescimento têm também um grande amor
pela escola. A participação é dos pais, e a história da escola começou com essa
participação. É uma trajetória longa, não só de trabalho, mas de muito amor e
muita honra para nós.
Eu queria citar o nome das nossas homenageadas também, as Diretoras que
fizeram a história do Loureiro, a começar pela Profa. Gilda Cestari, Maria
Belina Brasil, Maria da Graça Vasconcelos, Profa. Dulce Rodrigues, Alice
Tabajara, Gislaine Margarida, Virgínia Maria Pereira, Profa. Sueni Pinto da
Rosa, Profa. Raquel, Profa. Clara Manelli, Profa. Jane Maria Farias da Silva. A
Direção está conosco através da Profa. Ana Maria e eu.
Nós fazemos, parece, a história do Loureiro ir adiante, mas não somos
apenas nós. É evidente que a comunidade presente, os nossos alunos,
funcionários e pais também fazem essa história. Essa história tem, seguramente,
muitos anos, como se evidencia nas mãos da nossa querida Profa. Leda. A
homenagem que foi feita hoje é um exemplo de paixão conhecida. Essa paixão
parece que contagia. Os pais, parece-me, têm a mesma paixão; os alunos não
querem sair da escola. Concluem o I grau e, volta e meia, nos visitam. Isso nos
dá muito prazer. É para esses alunos, pais e funcionários que vai a nossa
homenagem.
Em especial, quero agradecer a esta Casa que nos homenageou aos 35
anos, agora aos 40 anos e, fazemos votos, nos homenageará aos 45, 50 anos.
Sabemos que o trabalho só é produtivo se for um trabalho em conjunto.
Reconhecemos esse conjunto; ele é bem visível no amor que todos temos pelo
Loureiro.
A nossa escola, tenho certeza, se manterá de braços abertos para
receber quem quiser nos visitar, para receber homenagens de quem quiser nos
homenagear. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de
todos e encerramos a Sessão Solene do dia de hoje.
(Encerra-se a Sessão às 18h19min.)
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